quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A MARUJADA ATRAIM OS OLHARES DE TODA A IMPRENSA DO BRASIL


Localizada a 210 quilômetros da capital paraense, a Pérola do Caeté, como é conhecida a cidade de Bragança, encanta pela simplicidade e beleza colorida das construções históricas, além do cenário natural. A fotógrafa paraense Ana Mokarzel registrou pela segunda vez as comemorações. "A visão que eu tenho da festa é dessa cultura linda, dessa religiosidade forte e de como o profano e o religioso interagem. As pessoas respeitam os horários da Marujada e fecham os bares e outros locais voluntariamente", comentou, salientando a união dos bragantinos, pois a família toda participa da festividade, desde os pequenos aos mais idosos.

A Marujada também atraiu os olhares da fotógrafa Simone Blauth, de Porto Alegre, que, junto com outros fotógrafos, prepara material para compor o livro "Costa do Brasil", que retratará os costumes e tradições de comunidades brasileiras localizadas na beira da água, como as da Ilha do Marajó, Vigia e Algodoal, no Pará. A intenção é mostar como o povo vive e interage nestes lugares, explicou Blauth. "Acho que a Marujada é umas das representações mais fortes. Tem uma tradição muito verdadeira, sem muita interferência, e isso vale muito. Parabéns pelo apoio que a imprensa, a iniciativa privada e o Governo do Estado dão para a Marujada", comentou.

Segundo informações oficiais, a festividade deste ano atraiu cerca de 20% a mais de visitantes do que no ano passado. A participação da mídia também tem aumentado a cada edição, despertando ainda o interesse da mídia internacional. Esse ano, a novidade foi a cobertura total, com transmissão ao vivo de toda a procissão, feita pela TV Nazaré. A Rádio Educadora e o Jornal Tribuna do Caeté também cobriram os principais eventos da festividade.

Como no Círio de Nazaré, os moradores da cidade costumam pedir e agradecer as graças alcançadas durante o trajeto, onde são vistas réplicas de São Benedito e outros objetos. Foi o caso da estudante Marilza do Rosário, que carregava uma boneca vestida com as roupas típicas da festa, acompanhada da filha, Maise, de 2 anos. A promessa de saúde foi feita pela avó da criança e será cumprida por elas até os 3 anos de idade.

Outro que agradeceu uma graça alcançada foi o esmoleiro Benedito de Souza, nascido em Viseu, município vizinho. Com apenas três meses, ele contraiu "sarampo preto" e correu o risco de perder a visão. Com a plena recuperação, Benedito pretende pagar a promessa feita pela mãe, acompanhando a procissão todos os anos, mas a opção por se tornar esmoleiro foi pessoal. Ele contou que é recebido muito bem durante as peregrinações, iniciadas oito meses antes da festividade, quando os esmoleiros levam a palavra de Deus às residências do município e das regiões vizinhas, sendo recebidos e hospedados "como verdadeiros reis".

Quem também acompanhou toda a procissão foi o secretário de Cultura, Edilson Moura. Ele destacou a beleza do resultado da restauração da imagem do santo, opinião compartilhada pela pedagoga Ivone Costa, que se impressionou com as feições de São Benedito e do Menino Jesus, quase apagadas antes do trabalho. Segundo ela, não se sabe quem encontrou e quem foi o autor da imagem do santo, cujo estilo é único no Brasil, e deve ter origem europeia, especificamente Portugal. O processo de restauro durou sete meses e envolveu oito profissionais da equipe do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIM), da Secult.

Após a procissão, foi celebrada uma missa campal em frente à igreja. Depois, música e dança tomaram conta da cidade - até o famoso abraço que marujos e marujas fazem ao redor da igreja, marcando oficialmente o início e o fim da festividade. Os festejos da Marujada, entretanto, seguem até o dia 31 de dezembro e 1º de janeiro, quando o bastão é passado pelo juiz e pela juíza da festa para os novos promesseiros, pretendentes inscritos na lista até 2017.

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